3 milhões de baianos sofrem com a crise do cacau, estima parlamentar baiano

Cacau e a crise que não tem fim
JBO

“Mais de três milhões de baianos sofrem as consequências diretas da crise da lavoura cacaueira, que já dura mais de duas décadas. São anos de endividamento na luta contra a vassoura de bruxa, perda de terras para os bancos, êxodo rural de milhares de famílias, desemprego em massa, desmatamento da Mata Atlântica, e aumento da violência urbana. Isso precisa acabar. Após as quatro audiências públicas que realizamos na região – em Itabuna, Ubatã, Apuarema e Ubaitaba – é visível que os cacauicultores estão dispostos a marchar até Brasília para exigir a anistia das dívidas. Precisamos recuperar essa lavoura tão importante para a Bahia e o Brasil”.

A afirmação é do coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Lavoura Cacaueira, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que realizou audiências públicas em Apuarema e Ubaitaba para discutir a Política de Preço Mínimo do cacau.

As atividades aconteceram na Câmara Municipal de Apuarema e na sede do Rotary Club de Ubaitaba, e contaram com palestra do economista Wellington Duarte da Ceplac. A ausência de representação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), órgão ligado ao Ministério da Agricultura responsável pela execução da Política de Preço Mínimo, bem como o preço mínimo atual de R$ 75 para a arroba da amêndoa de cacau, foram duramente criticados pelos cacauicultores.

Assentados, produtores e lideranças da região estiveram presentes, a exemplo de Dorcas Guimarães, representante do Instituto Pensar Cacau e Associação Agir; do cacauicultor Cledenor Soares; Antônio José Santana Vasconcelos, presidente do Rotary Club de Ubaitaba; Bêda Almeida, prefeito de Ubaitaba; Joselene Barreto e George Carlos, prefeita e vice-prefeito de Apuarema, respectivamente; Wesley Faustino, vice-prefeito de Ubatã; Antônio Porqueres, presidente da Câmara de Vereadores de Ubaitaba; Joedário Santana, presidente da Câmara de Vereadores de Apuarema; do advogado Márcio Magalhães, do escritório de advocacia Brandão, Cunha e Orge; do tenente coronel Serpa, do 19º BPM de Jequié e do vereador Glebão Carvalho de Itabuna.

Já em Brasília, Félix Júnior destacou também a aprovação na última quarta-feira (11) do Requerimento 434/2013 na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados para a realização de uma audiência pública com o objetivo de discutir o endividamento dos cacauicultores.

Representantes do Ministério da Agricultura, do Tesouro Nacional e dos bancos credores serão formalmente convidados para a atividade, que aguarda definição de data pela própria Comissão de Agricultura.

“Apenas no Banco do Brasil, a dívida dos cacauicultores ultrapassa R$ 1 bilhão e 40 milhões, sendo que 95% dessa dívida está na Bahia. Os produtores foram obrigados pelos bancos a utilizar técnicas da Ceplac, que se mostraram ineficientes no combate à vassoura de bruxa e, por isso, não puderam honrar seus débitos. A Ceplac reconhece isso, mas esse entendimento e a necessidade da anistia precisam se tornar pontos pacíficos no governo federal. Precisamos mobilizar a região cacaueira e fazer pressão para que isso aconteça”, defendeu o parlamentar.